BE: quem não os conheça que compre a falta de ética que lhes é própria

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Quase que ainda há manifestantes nas ruas e pela cidades deste país ainda se sente o eco de milhares de palavras de ordem, todas elas diversas,  e já o Bloco de Esquerda vem a terreiro tentar aproveitamentos político-partidários das manifestações deste sábado. Sabemos que os orfãos de Trotsky e de Stalin são, em geral, fracos de ideias e buscam ser a alternativa não se sabe bem a quê – isso é lá com eles – , mas esta tentativa desenfreada de “cavalgarem” os movimento populares começa a ser quase patológica. Sabe-se que nas ruas de todo o país estiveram este sábado muitas centenas de milhar de pessoas, mobilizadas pelas mais diversas causas e motivações. Todas contra o governo, a troika e a austeridade, é certo Mas muitas também contra este sistema vergonhoso, clientelar, em que a classe política é um elemento importante e determinante do pesadelo que estamos a passar.

Por isso, para muitos dos que desfilámos hoje o protesto atinge também os que se arvoram em nossos representantes, seja qual for o partido a que pertençam, e que, a seu modo, são sustentáculos da hipocrisia “democrática” em que vivemos: dizem-nos representar, enquanto número, para eles terem as benesses do poder.

Nós, anarquistas, libertários, antiautoritários, estamos com os de baixo e não consentimos que nos representem, nem que falem por nós. Quando a pequena seita parlamentar do Bloco de Esquerda, pouco tempo passado depois do Grândola ser cantado a milhares e milhares de vozes vem dizer que “mais de um milhão e meio de pessoas em todo o país com uma mensagem clara: demissão” está a mentir. Eu estive com outros companheiros nas manifestações do 2M e estou-me a borrifar para a demissão do Governo. Que se demita ou não, não é esse o contexto do meu protesto. Sei que, no actual estádio em que nos encontramos, se este governo sair outro virá e em nada será diferente deste. Há menos de dois anos tiraram o PS, querem tirar agora o PSD para pôr o PS. Eles, os de cima, entretém-se neste tira e põe que lhes vai servir o emprego enquanto políticos, mas que aos de baixo nada interessa. O que nos interessa é outra sociedade e outra organização do trabalho e da vida e isso nunca os de cima nos darão.

E não foi para isto que desfilei e cantei a Grândola. A Grândola que eu cantei – e essa é a autenticidade da letra –  diz que “o Povo é Quem mais Ordena”. Não os partidos, não os governos, não os de cima. Quem deve “ordenar” é quem nunca será deputado, nem presidente de Câmara, nem ministro. É quem está no desemprego. Ou teve que sair do país para ter trabalho. Ou quem se arrasta pelas ruas por já nem o subsídio de desemprego ter. Os de baixo são o povo. Os de cima são os que se entretém nas mudanças de governos e nas benesses das rendas parlamentares e dos dinheiros do Estado. Contra eles também muitos de nós hoje desfilámos e nos manifestámos. Contra o sistema. Contra os que nos querem enredados nesta jiga-joga do governo acima e do governo abaixo. Se são todos a mesma trampa porque é que ainda fingem ter perfumes diferentes? O BE, com atitudes deste género, apenas sabe a ranço e ao “dejá vu” dos velhos partidos comunistas a que foi buscar a sua matriz. Mas a cópia é sempre pior do que o original.

a.

aqui:http://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2013/03/03/be-quem-nao-os-conheca-que-compre-a-falta-de-etica-que-lhes-e-propria/