Como nos posicionarmos frente a manifs como a de 2 de Março?

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É urgente uma reflexão alargada por parte de todo o movimento libertário em Portugal acerca da participação em eventos e manifestações dos ditos “indignados”.

No dia 2 de Março irá realizar-se mais uma manifestação, na onda das muitas que têm vindo a acontecer nos últimos 2 anos, convocadas por colectivos independentes inspirados no movimento dos indignados do estado Espanhol. Esses movimentos, antes proximos (parte?) das organizações locais do BE, hoje mais afastados devido ao êxodo dos militantes de base do dito partido, são caracterizados pelo seu discurso reformista e atitudes aparentemente inclusivas e conciliadoras onde parece caber tudo e todos, onde as particulariedades ideológicas são sobrepostas pela aparente possibilidade de uma união debaixo do descontentamento generalizado.

Todos vimos como esse tipo de discurso sem identidade e cunho marcadamente ideológico foi e é capaz de agradar a uma parte significativa da população. Todos vimos as centenas de milhares de pessoas que nesses dias sairam para as ruas, seguindo apenas convocatórias online sem rosto. Mas todos vimos também no que deram essas mobilizações, conseguiram-se imagens bonitas concerteza, mas as concentrações e passeatas acabaram por se tornar numa realidade totalmente estéril, onde nada foi construído, onde o espírito combativo foi substituido por um ambiente apenas próprio de um evento social. Onde o hino e as bandeiras de Portugal se sobrepuseram a qualquer palavra de ordem.

Tudo isto tem de fazer reflectir os anarquistas. É preciso pensar, debater e compreender, local e globalmente, até que ponto a nossa presença neste tipo de protestos é algo que faça sentido e em que moldes essa presença deve ou não existir.
A necessidade de não se perder a carruagem e o hábito do protesto de massas na rua não se pode substituir à análise crítica e à coerência de discurso e atitude. Isso certamente manifesta-se pelo inconsciente aval dado no simples facto de se estar lado a lado com quem defende uma perspectiva reformista para com o Estado e o Capital.

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